Arquiteta, Urbanista, Data Builder.
artigo
resumo :
O artigo, "Building Data": A migração do digital para o analógico, foi elaborado como Trabalho de Conclusão de Curso da Especialização. A pesquisa busca compreender a relação da arquitetura, do urbanismo e a plataforma de dados dos pontos de vista teórico e prático. A primeira etapa foi fundamentada em pesquisas, leituras e análises para a conceituação, enquanto a segunda foi de caráter experimental por meio de um estudo de caso. Sabemos que os dados sozinhos não apresentam nenhuma relevância, apenas organizando-os, analisando-os e comparando-os, conseguimos extrair seu valor. Assimilar o volume de dados disponíveis atualmente não é nada analógico, pelo contrário, requer instrumentos computacionais para que possamos projetá-los e compreendê-los. A pesquisa teve como finalidade essa investigação gráfica a fim de torná-los perceptíveis e capazes de gerarem novos insights ao ambiente em que se inserem e aos usuários que a contornam, graças à manufatura digital e interfaces físicas. Em resumo, a intenção de explorar a manipulação de dados digitais como canal de criação, reflexão e comunicação dentro da arquitetura em um momento de grandes transformações tecnológicas no mundo em rede.
contexto :
Alguns teóricos defendem que estamos neste momento vivenciando uma quarta revolução, a chamada 4.0, uma fase muito além do avanço da industrialização e de apenas mais uma etapa de desenvolvimento tecnológico, trata-se de uma verdadeira modificação de paradigma. Uma transformação que unifica mundos reais e virtuais na produção, por meio de todas as inovações da revolução informacional precedente atreladas ao uso de tecnologias: de sensores, interconectividade e análise de dados. A revolução permite muitas inovações provindas da fusão de tecnologias, domínios físicos, digitais e biológicos. Este presente cenário apresenta novos vocabulários, dentre eles o léxico mais utilizado nos últimos tempos: Big Data.
Nossas máquinas estão progressivamente sendo conectadas entre si e gerando informações mais interligadas como uma verdadeira rede neural biológica, será cada vez mais difícil compreender esse conjunto analogicamente. Assim se faz necessário uma nova linguagem significativa e complexa de representação dessa "infosfera" exponencial. Um vocabulário que filtra o digital para aproximar-se de outras esferas.
experimentação:
O propósito prático buscou refletir sobre a utilização de diversos tipos de dados como parâmetros para a elaboração de um produto arquitetônico de modo a transmitir e/ou provocar a inquietação de indivíduos. Demonstrar como um volume de informações pode se tornar mais visual e palpável à sociedade contígua. As fotos e explicações abaixo constroem todo o processo de investigação.
A luz foi utilizada no sentido abstrato como metáfora visual perfeita para a tradução das informações, uma vez que simboliza a iluminação mental, o aumento da percepção interior humana e suprema sabedoria. A luz por si só, apresenta uma relação muito importante às cidades, quando olhamos imagens aéreas noturnas provindas de satélites, podemos mapear instantaneamente todos os assentamentos humanos e reconhecer as vias conectoras entre si. Os pontos mais iluminados das imagens representam os grandes hubs urbanos, símbolos de desenvolvimento econômico, social e cultural.
Imagens e semelhanças orgânicas, de explosões sinápticas entre neurotransmissores e neurônios no cérebro humano, enfim onde afloram as grandes ideias. Quanto mais sinapses forem feitas, maior é a geração de conhecimento e criatividade seja no cérebro como na cidade.
Além disso, o estímulo pelo sentido da visão é mais eficiente do ponto de vista da compreensão de uma mensagem e a permanência do registro na memória, pois segundo neurocientistas esse sentido ocupa uma grande parte do córtex da massa cerebral. Para garantir a acessibilidade da intervenção, espera-se que os dados disponíveis nos canais de comunicação da Prefeitura apresentem uma versão do conteúdo narrado para a experiência completa de todos os usuários.
conclusão:
" (...) a influência da tecnologia digital continuará
a crescer e a modificar grandemente
os modos como nos expressamos, nos comunicamos, ensinamos e aprendemos, os modos como percebemos, pensamos e interagimos no mundo." (SANTAELLA, 2007, p.128)
O instante é próprio para o ensaio de novas realidades de comunicação e expressão de todo o volume colossal de dados acessíveis a partir de todos os instrumentos disponíveis, de modo a compreender a cultura high-tech como mais um artifício do ser humano na exposição dos seus sentidos, suas realidades e o seu modo de vida sem torná-lo escravo e refém de um caminho sem volta.